sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O lábaro que ostentas estrelado...



Estou aqui para falar de eleições. Sim, caros leitores, o clima de votação contagiou-me finalmente. Ou talvez seja simplesmente a necessidade de falar coisas que há muito estavam embargadas na minha garganta. Talvez eu não vá no final das contas falar tanto de eleições. Pode ser que eu acabe abrangendo todo o ramo político relativo a esse processo. Mas o fato é que aqui estou para desabafar.

Este ano vou votar pela primeira vez. De acordo com minha idade o voto é facultativo, mas sei da importância que é o ato do votar e também quero ter essa experiência, então, mesmo não precisando, depois de amanhã estarei lá, perante uma urna eletrônica pela primeira vez na vida. E o que espera-se de alguém jovem que decide entrar de cabeça na política? Ora essa, eu não sei. Fiz promessa a mim mesmo que acompanharia os debates, que leria as propostas dos candidatos e que eu iria procurar me informar ao máximo, vendo a propaganda eleitoral sempre que possível. Agora... Quanto disso eu cumpri? Nada, leitores. Nada. Me acomodei no sofá, na cadeira na frente do computador, em qualquer lugar. Fingi que sempre haveria um amanhã para eu buscar meu eu político que dorme tranquilo. Com que cara eu vou chegar lá domingo para votar sabendo que estou fazendo-o meramente por aprendizado, sem ter a consciência de que busco o melhor pelo meu país? Por que é que raios eu tenho que fechar os olhos para isso? Eu confesso aqui que tive vontade de ver a propaganda eleitoral, de ler propostas, de visitar as sedes dos partidos aqui na minha cidade. Mas não o fiz. Não fiz por um maldito conformismo que nos reduz à pária que cobre encanamentos velhos.

Como posso eu querer acompanhar a política, querer votar de verdade, como posso eu querer me entranhar nesse mundo se não vejo que vale a pena? Esse povo brasileiro, trabalhador, determinado, esse povo que anda buscando a forma mais cômoda de viver me ensinou que não vale a pena erguer a cabeça e lutar pelo que é certo. O povo me ensinou que o certo nem sempre é o que compensa no final. Mais vale ganhar um bolsa-qualquer-coisa no fim do mês do que lutar pelos direitos, pelos deveres. Parece que o povo se esqueceu do que é correr atrás da democracia. Vivemos um despotismo capitalista infeliz. Não, não estou brincando de manifesto comunista. Falo aqui daqueles que escolhemos para nos representar no poder e que fazem o que bem entendem, nem ligam para quem os colocou lá. Aproveitam para usurpar todo o dinheiro suado que pagamos, que sabemos que não dá em árvore. E nós sabemos que toda eleição será igual. Vamos os escolher, eles vão assumir e eles vão destruir ainda mais esse país. E o que nós fazemos em resposta? Fechamos os olhos, os ouvidos e a boca e fingimos que o mundinho cor-de-rosa em que vivemos é a melhor coisa do mundo. Fingimos que o dinheiro que paga as regalias desses infelizes não é o dinheiro que tiramos da conta de luz para pagar a de água.

Como posso eu querer lutar? Sim, leitores, eu quero ir à luta! Eu quero tirar essas malditos do poder, eu quero reformar essa politicagem suja, eu quero derrubar o Leviatã. Mas como? Como vou fazer minha voz ser ouvida se o silêncio dos demais abafa-a? Domingo eu vou ser mais uma marionete do sistema, e puramente porque eu não tive coragem, como eu sei que muita gente não tem, de erguer a cabeça e gritar por mudança. Eu vou votar em quem eu acredito que fará a diferença em meu nome. E eu sei que votarei em pessoas que não serão eleitas. Mas eu preciso aqui confessar a todos vocês o poder opulento inenarrável que eu terei quando fizer isso. Votarei em que não tem chances de vencer, e o farei de consciência tranquila porque sei que, mesmo não valendo, meu voto terá sido bem empregado. Saberei que segui minhas ideologias e que fiz minha parte contra essa merda que está cagada na nossa capital nacional. Como seria bom se todos fizessem isso, se todos votassem em quem é certo, e não em quem invariavelmente irá ganhar. O jogo todo podia ser revertido.

Como posso eu me orgulhar do país em que vivo se não é ele, mas a sociedade que nele vive que me envergonha tanto? Somos uns acomodados, uns covardes que há muito esqueceram do que é correr atrás. Eu sei que já disse isso e repito de novo e de novo e de novo! Somos acomodados! Podemos xingar o quanto quisermos esse governo que não está nem aí pra nós, mas o que nós fazemos de concreto contra eles? NADA! ABSOLUTAMENTE NADA! Adiantará lotar as ruas, pintar a cara e votar certo? Talvez não, mas como podemos saber se não tentamos?! Eu não quero ser só mais um na massa. Eu farei minha parte. O tempo ainda não acabou, ainda dá pra pesquisar sobre os candidatos e fazer uma escolha correta. E sempre dará para lutar pelo que ajuda a todos nós e não só o meu bolso no final das contas. Vamos à luta, Brasil, vamos! Vamos fazer o que é certo. Vamos honrar o lábaro que ostentamos, o lábaro estrelado que trepida pelas cidades e que há muito esquecemos de louvar. Não deixemos que se apague o verde-louro daquela flâmula. Não temamos à própria morte.

Lutemos por esta terra. Lutemos pela mãe gentil. Lutemos pelo Brasil.