sábado, 8 de maio de 2010

Locus Horrendus



Percebi agora que nunca criei um texto para apresentar-me propriamente neste blog. Bom, sou da filosofia do antes tarde do que nunca, mas seria de fato pouco interessante fazer isso por agora. Conheça-me por meus textos e opiniões, pois muito falam de mim. De qualquer forma, estava eu vegetando quando tive vontade de falar desse gosto particular meu que muita gente acha... Como posso dizer... Perturbador. Não, não sou um necrófilo (se me permitem o humor negro). Refiro-me ao título deste post e ao que retrata-se pela imagem que abre-o. Locus Horrendus.

A expressão vem do latim e significa, como está bem na cara, "lugar horrendo". Pois explico-me, porque um lugar horrendo me atrai tanto? Por causa da força dos elementos mórbidos que compõem a noite e seus agregados. Costumo escrever algumas histórias medievais em um certo forum, e as pessoas me diziam por lá que eu tinha uma facilidade tenebrosa de descrever ambientes soturnos passados na voluptuosa madame chamada noite. Sabem, não consigo me imaginar preferindo o dia, o Sol, a claridade. Nasci perto das oito horas da noite, será que tem algo com meu espírito mais byroniano? De qualquer forma, a noite não é o único elemento do locus horrendus.

Vejo que estou entrando em devaneio. Bom, como deixei claro nas entrelinhas, tenho um gosto perturbador por tudo relacionando ao horrendo, ao hediondo. Muitas pessoas sentem-se pouco a vontade durante a noite, durante tempestade elétricas ou em lugares como florestas fechadas e cemitérios. Pois, sabe-se lá por que, não tenho esse problema. Quando começa a chover forte e os relâmpagos dançam no céu, corro para a janela a fim de observá-los. Adoro quando fica nublado, quando escurece, quando os sons da noite causam um arrepio involuntário. Gosto de imaginar trigais extensos repletos de corvos a grasnar, cemitérios soturnos com uma densa névoas esverdeada e ainda ruas alagadas pelas chuvas prateadas. Sim, é estranho. Mas é uma particularidade de meu ser que muito me agrada.

Se pudesse viveria sempre próximo a estes ambientes. Faço o que posso: costumo sentir-me muito melhor durante a noite do que de tarde. Tanto é que, sobretudo em fins de semana, passo todo o dia esperando a chegada da noite, e ainda da madrugada. O convidativo sinistro frio da penumbra é muito interessante, não é? Tenho certeza que não sou o único ser humano de hábitos noturnos a perambular por aqui.

Enfim, foi um post para expressar isso. Apenas uma das controversas características da minha pessoa ^^

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Alice



"When the world is crashing down, when I fall and hit the ground, I'll turn myself around, don't you try to stop it."

Nunca versos de uma música foram tão fortes para mim quantos estes. Para os desinformados de plantão, refiro-me ao refrão da música "Alice" (por vezes chamada de "Underground") da cantora Avril Lavigne. Sabem... Sempre que eu escuto tais versos, eu me pego pensando. Pensando em quê, afinal? Nas coisas de sempre. Na vida, no passado, no presente e, sobretudo, no futuro. E devo-lhes dizer, ás vezes eu sinto como se o céu estivesse caindo sobre minha cabeça. Hoje foi um desses dias. Sabe aqueles momentos em que tudo vira de cabeça para baixo, em que o apocalipse parece se desenvolver no seu universo particular e em que você deseja infinitamente dormir e não acordar mais? Hoje eu soube de tudo isso. Nada de pompa aconteceu. Ninguém morreu, adoeceu. A casa não pegou fogo e eu não quebrei a perna. Mas instituiu-se uma tempestade sem igual na minha cabeça.

Vi-me perante a limiar do abismo. Tudo graças às perspectivas para o futuro, evidentemente. Depois de tanto pular de uma nuvem para outra com a sensação de que nunca iria cair, eu fui puxado para o solo por uma realidade tenebrosa: as coisas podem ser piores do que parecem. Os sonhos podem se despedaçar. Nada pode fazer sentido. De uma hora para outra todas as minhas ilusões caíram ao pedaços como os cacos de um espelho, e, como disse alguém, você só pode se ver desiludido se um dia esteve em ilusão. E eu percebi que fantasiei. Fantasiei coisas sobre um futuro incerto, coisas que eu não poderia alcançar. Porque? Porque eu não sabia como alcançá-las.

Mas está tudo bem agora. Tudo graças a certos versos de uma certa música. "Quando o mundo estiver desabando, quando eu cair e atingir o chão, eu vou me virar, não tente me impedir.". Como isso pôde me ajudar? Simples. Mostrou-me que, apesar de um exemplo fictício, essa música é bem real. Se eu resolver ficar caído no chão esperando o céu me esmagar, beleza. Se eu quiser sentar e esperar, adiar as coisas e ficar o tempo todo falando "Quando eu morar sozinho, vou fazer isso, aquilo e bla bla bla", tudo bem, eu posso. Mas que não reclame depois. Não quero mais mandar minha mente para o futuro para fugir da realidade. Chegou a hora de me jogar no Oceano do aqui e agora. Vamos lutar contra a corrente. O primeiro passo dessa escada eu dei agora, desabafando. O segundo eu estou quase dando, mas este, é segredo. Por enquanto.