terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Linhas sobre o amor


Você a vê descer a rua de mãos dadas com um qualquer. A vê duas semanas depois com outro, enquanto comenta com uma amiga que está interessada em ficar com o namorado de fulana. Um mês depois do acontecido você a vê se lamentar sobre o amor, pregar sobre a fidelidade, propagar mensagens tolas de falsos romantismos em meio a ouvintes mais tolos do que ela. Vivemos hoje num mundo aonde todo mundo acha que tem autoridade pra falar de amor, que todo mundo acha que é um mar de rosas que termina em "eu te desejo o melhor" e "se Deus te tirou da minha vida foi porque tem algo melhor vindo aí". As pessoas trocam de amor como trocam de roupas, como se tirassem alguma impureza das mãos sujas agora enxaguadas com sentimentos draconianos. Mas quantas destas pessoas podem mesmo erguer a mão e falar que sabem o que é o amor? Poucas. Resultado nulo. Talvez - e com isso entenda-se "muito provavelmente" - sequer este que vos escreve possa falar neste assunto.

Mas o que quero dizer é que amar é mais do que segurar mãos. É mais do que publicar fotos de pôr-do-Sol no Facebook enquanto troca beijos com seu amado. É mais que meia-duzia de depoimentos no Orkut. É mais do que cuidar, do que dizer "Eu te amo" (que, convenhamos, está tão banal hoje em dia), do que dar presentes, do que namorar. Amar transcende a própria razão, a qual condiciona todos estes gestos supracitados. Porque o amor não precisa de razão. Pra falar a verdade, ele precisa é da falta de razão. Ele só precisa de uma mente esperançosa, desejosa e suficientemente tola para cair na sua armadilha. Amor não se troca de semana em semana, e aquele último namorado que a sua vizinha teve provavelmente não significou muita coisa pra ela. Porque amar deixa marcas. Que nem sempre o tempo retira. Mas eu acho que, acima de tudo, amar pressupõe uma ingenuidade risível e uma incapacidade de se tocar no assunto com outra pessoa. Porque amar nada mais é do que se entregar à vergonha de aceitar que existe sim alguém que é capaz, voluntariamente ou não, de te tirar do sério.