sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobre o tempo

Estava eu, dado dia deste verão, enfurnado em casa em meio a um devaneio profundo. Refletia eu a respeito do tempo e de seu estilo tão paradoxal. Se formos pensar mesmo, esta entidade abstrata e inexistente que chamamos de tempo é na verdade uma invenção dos homens para justificar sua existência, para marcar sua passagem. Para não enlouquecerem. Mas será que dá certo mesmo? Vivemos num mundo globalizado e controlado pelos longos braços do capitalismo. A lentidão é um luxo ao qual não podemos ceder, ou seremos esmagados pela multidão que fervorosamente corre pelas ruas da cidade. Nossa cultura não nos dá mais tempo para pensar. Somos robôs, marionetes de algo que sequer tem fundamentação física.

Temos em nossa mente os horários. Ah, os malditos horários. Temos de sair de casa tal hora, chegar duas horas depois e neste intervalo fazer milhões de coisa com eficiência. Quando vamos parar, mandar o relógio para aquele lugar de difícil acesso, e sentar? É, sentar. Não é difícil, eu garanto. É só largar-se em uma superfície suficientemente cômoda. Aí é só botar uma música (hoje em dia, quem não tem mp4?) e fazer aquele momento do eu comigo mesmo e só. Este momento de perder o olhar no horizonte enquanto se desliga do mundo exterior é o que chamamos de vegetar. Então, venho fazer um convite. Vamos vegetar. Vai ser bom por os miolos em ordem.

Devemos nos lembrar que quem criou o tempo fomos nós. E não ele.

Um comentário:

  1. Concordo. Sempre temos que seguir os horários, cumprindo as obrigações em um dado período. Mas acabamos seguindo tão "religiosamente" esse cronômetro que nós esquecemos de aproveitar momentos que não estavam previstos e que não foram programados. E, justamente, são esses os momentos que fazem a vida valer a pena.

    Ótimo texto Ander, tô seguindo o blog e prometo voltar mais vezes =)

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